segunda-feira, 24 de novembro de 2014

CECÍLIA MEIRELES - GUITARRA




GUITARRA

CECÍLIA MEIRELES

Punhal de prata já eras,
punhal de prata!
Nem foste tu que fizeste
a minha mão insensata.

Vi-te brilhar entre as pedras, 
punhal de prata!
- no cabo, flores abertas,
no gume, a medida exata,

a exata, a medida certa, 
punhal de prata, 
para atravessar-me o peito
com uma letra e uma data.

A maior pena que eu tenho, 
punhal de prata,
não é de me ver morrendo,
mas de saber quem me mata.

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