domingo, 16 de novembro de 2014

ANTÓNIO RAMOS ROSA - ARTE POÉTICA




ARTE POÉTICA

ANTÓNIO RAMOS ROSA

Se o poema não serve para dar o nome às coisas
outro nome e ao seu silêncio outro silêncio,
se não serve para abrir o dia
em duas metades como dois dias resplandescentes
e para dizer o que cada um quer e precisa
ou o que a si mesmo nunca disse...

Se o poema não serve para que o amigo ou amiga
entrem nele como numa ampla esplanada
e se sentem a conversar longamente com um copo de vinho na mão
sobre as raízes do tempo ou o sabor da coragem
ou como tarda a chegar o tempo frio...

Se o poema não serve para tirar o sono a um canalha
ou ajudar a dormir um inocente
se é inútil para o desejo e o assombro, 
para a memória e para o esquecimento...

Se o poema não serve para tornar quem o lê
num fanático
que o poeta então se cale.

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