domingo, 16 de novembro de 2014

EGITO GONÇALVES - NÃO CRISPES O DESESPERO




NÃO CRISPES O DESESPERO

EGITO GONÇALVES

Não crispes o desespero
com os dedos, 
nada crepite
à flor da pele.

És um burgues altivo,
dominador, seguro;
mantém o retrato
bem iluminado.

Guarda o que sentes
entre as costelas,
nem o hálito enrugue
o vinco das calças, 
os álgidos rebuços.

Se tudo cai ao lado 
reforça a couraça...
peneiradas as dúvidas
fragmenta-as na cinza.

Que ninguém pressinta 
que os escombros são teus.

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