EGITO GONÇALVES - NÃO CRISPES O DESESPERO
NÃO CRISPES O DESESPERO
EGITO GONÇALVES
Não crispes o desespero
com os dedos,
nada crepite
à flor da pele.
És um burgues altivo,
dominador, seguro;
mantém o retrato
bem iluminado.
Guarda o que sentes
entre as costelas,
nem o hálito enrugue
o vinco das calças,
os álgidos rebuços.
Se tudo cai ao lado
reforça a couraça...
peneiradas as dúvidas
fragmenta-as na cinza.
Que ninguém pressinta
que os escombros são teus.
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