segunda-feira, 24 de novembro de 2014

OLEGÁRIO MARIANO - LENDA VENEZIANA


     

LENDA VENEZIANA

OLEGÁRIO MARIANO

Ele partiu e ela ficou, vaga, indecisa,
Braços volteando no ar, olhos presos no chão...
Sua vida passou efêmera e imprecisa
Na glória de viver de emoção em emoção.

Um lenço a lhe acenar como um trapo, na brisa,
É um golpe de punhal para o seu coração.
A saudade do olhar nunca mais cicatriza...
E ela perdeu do olhar toda a antiga expressão.

Dobram-lhe sinos na alma, e lento e regular,
Ela sente o rumor do remo na remada
E uma gôndola singra a água do seu olhar...

Todas as noites vem, sonâmbula e glacial,
E fica, noite a dentro, encostada à amurada,
Despetalando, ao luar, rosas sobre o canal.   

     

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