sábado, 8 de novembro de 2014

DONIZETE GALVÃO - ESCOICEADOS




ESCOICEADOS

DONIZETE GALVÃO

Meu pai e eu
nunca subimos
num alazão
que galopasse
ao vento.
Tínhamos
um burro
cinza malhado:
o Ligeiro.
Foi apanhado 
de um conhecido
por ninharia.
Chegou com fama 
de sistemático,
cheio de refugos.
De trote tão curto
que dava dor 
nas costelas.
De certa vez,
caímos do burro.
Meu pai e eu.
Eu e meu pai.
Embolados.
Joelhos esfolados
no pedregulho.
Levamos bons coices.
Meu pai e eu.
Os dois
nunca subimos 
na vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário