domingo, 26 de julho de 2015

CARLOS PENA FILHO - SONETO DO DESMANTELO AZUL





SONETO DO DESMANTELO AZUL

CARLOS PENA FILHO

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas.

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdido de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.

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