domingo, 26 de julho de 2015

ALBERTO DA CUNHA MELO - RELÓGIO DE PONTO




RELÓGIO DE PONTO

ALBERTO DA CUNHA MELO

Tudo que levamos a sério
torna-se amargo. Assim os jogos,
a poesia, todos os pássaros,
mais do que tudo: todo o amor.

De quando em quando faltaremos
a algum compromisso na Terra,
e atravessaremos os córregos
cheios de areia, após as chuvas.

Se alguma súbita alegria 
retardar o nosso regresso, 
um inesperado companheiro 
marcará nosso cartão.

Tudo que levamos a sério
torna-se amargo. Assim as faixas
da vitória, a própria vitória,
mais do que tudo: o próprio Céu.

De quando em quando faltaremos 
a algum compromisso na Terra,
e lavaremos as pupilas
cegas com o verniz das estrelas.

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