sábado, 6 de julho de 2013

OTACÍLIO DE AZEVEDO - DESILUSÃO




DESILUSÃO

OTACÍLIO DE AZEVEDO

Meu verso é um lago onde erram, doloridas,
à hora em que a luz do sol morre em palores,
sombras de árvores velhas, esquecidas,
que morreram sem frutos e sem flores.

No apagado cristal em que, diluídas,
se debruçam, tristonhas e incolores,
semelham, no ermo espelho refletidas, 
passadas ilusões de meus amores...

Mal sabeis vós que o lago nunca estanque
de que vos falo é o doloroso tanque
do pranto amargo que fazeis verter

todo o meu coração desiludido,
neste inferno de amor incompreendido
que se eterniza no meu próprio ser!


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