DOR DE RECORDAR
OLEGÁRIO MARIANO
Bem me lembro que um dia, a boca ao teu ouvido,
Trêmula a voz entrecortada de emoção,
Eu te disse com medo o que tinha escondido,
Meu tesouro de dor, dentro do coração.
Enquanto, frase a frase, escutavas o ruído
Das frases com o cair das folhas pelo chão,
Tinhas o olhar no meu extasiado, embebido,
E a mão gelada a tiritar na minha mão.
Depois tornou-se a vida erma e só. Sem ninguém.
"Espera!" - disse o tempo. Inutilmente espero
Na penumbra da noite uma luz que não vem.
E nessa imensa aspiração de ser feliz,
Como prêmio ficou-me o pouco que te quero
Que é a certeza maior do muito que te quis.
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