domingo, 24 de novembro de 2013

ANTONIO MIRANDA - MEU NOME


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MEU NOME 

ANTONIO MIRANDA


                              I 

Antonio, menino, vamos conversar:
por que foges do castigo, se ele vai te alcançar?

Prá que tanta rebeldia, socando ponta de faca?

Aonde te levam estas pernas de caminhar
tantas fugas, recusas, tanto ensimesmar?

Antonio, menino, por que blasfemas?

Que te leva ao prazer do sofrimento
ao pensamento avesso ou travesso
a contradizer o sim e a reiterar sempre o não?

De onde vêm estas ideias de suicídio
enquanto amas saturado e satisfeito?


                              II

Tantas páginas escreves! Tantas leituras
apressadas, tanta angústia de ser
tantas perguntas impossíveis, desejos
sonhos absurdos, planos inconsequentes!

Que amigos são esses que não voltarás a encontrar?
Que lugares tu buscas que deixarão de existir?
Que amores te queimam que se vão dissipar?
Que ideias te movem que logo vais superar?

Acaso essa birra vale o que a motiva?

                              
                              III

Frente a frente, somos dois desconhecidos
que se negam, contradizem, se acusam.

Espelho maldito a revelar o nosso estranhamento.

Não me acuses do que não fostes capaz!
Nada sou daquilo que pretendias ser!

Nunca fui amado tanto quanto querias!
Nem amei tanto quanto querias que eu amasse...


                               IV

Antonio, por favor, reconheça o teu fracasso
deixa espaço para eu existir
sem ter que justificar-me diante de ti!

Deixa eu ser feliz no meu conformismo
- de achar que tenho o que mereço
enquanto tu deliras e deliras!

Por que estragas o meu sossego tão frágil
azedas a minha felicidade tão precária?

A partir de hoje o meu nome é Outro.

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