ILHA
J. G. DE ARAÚJO JORGE
Eis-me completamente só em plena vida,
sem um amor sequer à vista, sem ninguém:
- a que um dia julguei eterna, a mais querida,
traí-a, e me traiu... já não lhe quero bem...
a outra, a que me chegou quase que despercebida
e acabou sendo tudo o que a paixão contém,
tal como me chegou partiu: sem despedida!
e eis-me só, na lembrança, a aguardá-la também.
Completamente só, perdido em plena vida
como desabitada ilha, íngreme penha
fora de rota, a erguer-se entre vagas bravias.
Uma ilha em pleno mar, esperando esquecida
que algum náufrago amor (algum dia) ainda venha
por milagre encontrar suas praias vazias...
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