domingo, 24 de fevereiro de 2013

RAIMUNDO CORREA - MAL SECRETO




MAL SECRETO

RAIMUNDO CORREA

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N'alma e destrói cada ilusão que nasce
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse! 

Quanta gente que ri, talvez consigo
Guarda um atroz, recôndido inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri talvez existe,
Cuja ventura uníca consiste
Em parecer aos outros venturosa!

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