quarta-feira, 18 de junho de 2014

RUY BURITY DA SILVA - ESQUEÇAM


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ESQUEÇAM

RUY BURITY DA SILVA

quantas vezes meu olhar se perde
nas polainas dos campos sem as ver?
quantas vezes contemplo
o vazio que me cobre a vida
sem o ver?
quantas?
perdi em mim a graça de ser eu, 
meu peito alberga uma inocência pervertida,
minha alma quebrada nunca vibrou.
não sou o ser que os outros vêm, 
não tenho ilusões nem as alimento,
o meu passado é igual ao meu presente.
se alguma coisa fiz não foi por bem, 
reneguei o sentimento de o ser...
se algo mereço nesta vida,
decerto que não é o perdão dos meus atos
pois esses nunca foram desmedidos,
mas o castigo dos meus pensamentos.
meu corpo não tem culpas
não o façam pois sofrer.
se em vida a vida é um presente, 
desmereço o fruto de um futuro,
o desvelo de um presente amante
ou a memória de um passado alado.
apenas gostaria de chorar de dor,
de arrependimento.
queria secar minha alma,
calar a voz que grita em mim, 
prender uma corda ao meu pescoço
puxando-a sempre que as cordas do meu sistema vocal
pretendam cuspir os seus desprezos.
morrer...
para que hei de morrer?
meus versos ficarão escritos
transmitindo no futuro os meus desprezos
outros lerão aceitando-os como certos
criando novos monstros pervertidos.
larva ou vírus que deixarei chorando
nas memórias dos que me lerão sorrindo.

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