quarta-feira, 6 de agosto de 2014

ALBERTO DA CUNHA MELO - CASA VAZIA




CASA VAZIA

ALBERTO DA CUNHA MELO

Poema nenhum, nunca mais,
será um acontecimento:
escrevemos cada vez mais
para um mundo cada vez menos,

para esse público dos ermos
composto apenas de nós mesmos,

uns joões batistas a pregar
para as dobras de suas túnicas
seu deserto particular,

ou cães latindo, noite e dia, 
dentro de uma casa vazia.

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