terça-feira, 17 de dezembro de 2013
ANTONIO MIRANDA - MINHA MÃE
MINHA MÃE
ANTONIO MIRANDA
Minha mãe morreu atribulada
relembrando o enxoval encardido
na gaveta entreaberta
- seus desejos contrariados.
As flores nem sempre vicejam e já sucumbem
desamparadas pela Providência.
Adiou todos os prazeres
para satisfazer as vontades alheias.
Seus joelhos penitentes
e seus dedos de novenas
rogavam pelos vivos, com extrema devoção.
Sobre o colchão de penas,
enxergando a família em desespero,
acreditando no nascimento de estrelas
e na eternidade dos cristais.
Estava segura do aperfeiçoamento contínuo dos espíritos.
Morte e vida seriam fases de uma mesma existência.
Mas dizia não haver descanso algum depois da morte.
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