terça-feira, 20 de agosto de 2013
OLEGÁRIO MARIANO - A CANÇÃO DA SAUDADE
A CANÇÃO DA SAUDADE
OLEGÁRIO MARIANO
Que tarde imensa e fria!
Lá fora o vento rodopia...
Dança de folhas... Folhas, sonhos vãos
Que passam, nessa dança transitória,
Deixando em nós, no fundo da memória,
O olhar de uns olhos e a carícia de umas mãos...
Ante a moldura de um retrato antigo,
Põe-se a gente a evocar coisas emocionais.
Tolda-se o olhar, o lábio treme, a alma se aperta,
Tudo deserto... a Vida em torno tão deserta!
Que vontade nos vem de sofrer mais!
Depois, há sempre um cofre e desse cofre
Tiramos velhas cartas, devagar...
É a volúpia enervante de quem sofre:
Ler velhas cartas e depois chorar.
Que tarde imensa e fria!
Nunca mais beijarei os teus dedos glaciais.
Lá fora o vento rodopia...
Que desejo me vem de sofrer mais!
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