sábado, 17 de agosto de 2013

NEL CÂNDIDO - BATE A MORTE À MINHA PORTA E ME ASSUSTA




BATE A MORTE À MINHA PORTA E ME ASSUSTA

NEL CÂNDIDO

Bate a morte à minha porta e me assusta,
pois consigo traz o meu esquecimento.
Encaminha-se ritmada e augusta,
nada a pára, qualquer seja o argumento.

Sinto próxima a mim a Ceifadora,
com a foice preparada pr'a colheita.
Já aberta de Atropos a tesoura,
esta Parca que a minha vida espreita.

Continua minha arte sem leitor,
um anônimo escritor desconhecido
sou e é esta a minha tão imensa dor;
um autor (e obra) no tempo perdido.

Minha vida foi sonhada desde cedo
doação à bela arte literária.
Não entendo minha vida em degredo,
entre autores ter sido simples pária.

Bate-me a morte à minha porta e eu arrumo
meus escritos como uno testamento
e a quem os ler, saiba que assumo:
fui poeta nunca lido: eis meu lamento.

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