sexta-feira, 7 de agosto de 2015
ANTONIO BRASILEIRO - QUE DEUS GUARDE MEU PAI
QUE DEUS GUARDE MEU PAI
ANTONIO BRASILEIRO
Não passar. Ficar para semente.
Não era isso que meu pai queria?
Sentava-se na rede e adormecia
julgando ter domado a dama ausente.
E sonhava talvez. Talvez menino
montando burros bravos, nu, ao vento;
um homem é sua ação sobre o destino.
Meu pai então fazia um movimento
e a rede, a adormecer, estremecia:
pequenos sustos no tempo, era só isto.
E escancarava os olhos duramente,
para mostrar que se Ela o procurava
era de cara a cara que a encarava.
Que Deus guarde meu pai. Eternamente.
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