segunda-feira, 17 de março de 2014
VICENTE DE CARVALHO - SONETO III - ENGANEI-ME
SONETO III - ENGANEI-ME
VICENTE DE CARVALHO
Enganei-me supondo que, de altiva,
desdenhosa, tu vias sem receio
desabrochar de um simples galanteio
a agreste flor desta paixão tão viva.
Era segredo teu? Adivinhei-o;
hoje sei tudo: alerta, em defensiva
o coração que eu tenho e se me esquiva
treme, treme de susto no teu seio.
Errou quem disse que as paixões são cegas;
vêem... Deixam-se ver... Debalde insistes:
que mais defendes, se tu'alma entregas?
Bem vejo (vejo-o nos teus olhos tristes...)
- que tu, negando o amor que em vão me negas,
mais a ti mesma do que a mim resistes.
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