segunda-feira, 1 de julho de 2013

GUILHERME DE ALMEIDA - DOR OCULTA




DOR OCULTA

GUILHERME DE ALMEIDA

Quando uma nuvem nômade destila gotas,
Roçando a crista azul da serra,
Umas brincam na relva, outras tranquilas
Serenamente entranham-se na terra.

E a gente fala da gotinha que erra
De folha em folha e, trêmula, cintila,
Mas, nem se lembra da que o solo encerra
Da que ficou no coração da argila!

Quanta gente que zomba do desgosto mudo,
Da angústia que não molha o rosto
E que não tomba, em gotas, pelo chão.

Havia de chorar, se adivinhasse,
Que há lágrimas que correm pela face
E outras que rolam pelo coração!

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